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Afinal — ou Afinar: Amor, o que é?

  • Writer: Khriztina Belle
    Khriztina Belle
  • Sep 2
  • 2 min read

Updated: Sep 4

O que é amor? Está nas pequenas coisas: um sorriso, um gesto discreto, um instante de gentileza. Uma reflexão poética que celebra sua beleza no cotidiano.


O que é o Amor

Amor, o que é?

Talvez more na quietude antes do amanhecer,

quando, sem nenhum mistério, só o vento ousa sibilar,

na hora em que até as florestas parecem repousar.


Amor, o que é?

É sair de casa com as mãos vazias

e voltar com o coração cheio de faces.

É deixar um brinquedo à porta de Vitória,

sem bilhete, sem alarde, como quem planta alegria e parte.

Todavia, logo a colheita se abre,

num sorriso de criança da mais singela doçura.

É palavra não dita, embalada em cristalina ternura.


Amor, o que é?

É um vácuo que grita quando a ausência,

ao nosso lado, se apodera e não diz nada.

É perder alguém,

e com ela, perder de novo aqueles que já se foram.

Feito onda que volta para levar o que sobrou na areia,

neste mar da vida que, sem anúncio,

nem ao menos, floreia.

O amor, afinal, talvez seja isso:

um sopro, um laço, um elixir,

uma presença que insiste — mesmo na falta dela  —

em lembrar que vivos, adiante devemos seguir.


Amor, o que é?

É não precisar de um palco.

É encontrar beleza onde o mundo não olha.

É a amizade mesmo sem proximidade,

mas reconhece o dia em que algo falta.

É reencontrar gentileza onde antes havia atrito,

como quem descobre primavera num solo árido.


Amor, o que é?

Amor é a maturidade de enxergar beleza

no que antes passava despercebido.

É notar que o amor não tem uma forma só.

Ele cabe em tudo.

Escorre pelas frestas do cotidiano

como luz filtrada pelas sombras.

É vida correndo nas veias do universo.

E em cada discreto suspiro — ele se revela.

Não mora apenas no grandioso,

mas também no ínfimo gesto feito por inteiro.


Amor, o que é?

Talvez seja isso —

uma sucessão de delicados milagres

escondidos dentro dos dias mais despretensiosos.

Não se cala, não exige,

se atém em perseverar.

E quando cessamos com devaneios à deriva,

ali se aconchega em silêncio, a nos inspirar.


Amor, o que é?

É algo assim...

E certamente muito mais,

do que cada verso, a nos dizer, seja capaz.


Afinal, uma vez afinado, mesmo desafinado, não se desfaz.

É como decantar a essência da alma.

O que fica é a pura melodia

ecoando na candura de nosso ser,

que nos faz, lá no alto, ascender.

 
 

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